- O esporte no Brasil e no mundo é paixão. Mexe com o coração não só dos atletas, mas também daqueles que torcem por eles nas arquibancadas.
- Aqui em Brasilândia isso não seria diferente. O amor pelo esporte, principalmente pelo futebol, sempre embalou as alegrias desta comunidade. Desde seu nascimento, o esporte esteve presente ao longo dos mais de 50 anos de existência desta cidade.
- Simples e criativo, para sua prática, bastava uma bola, mesmo que de pano, para ser jogada num campinho qualquer. Desde a pelada que era disputada na terra batida do bairro distante da cidade até o campo gramado das fazendas, especialmente preparado para os dias de festa e congraçamento dos funcionários e seus familiares, tudo era uma festa.
- A homenagem que fazemos hoje tem início de forma simbólica com a trajetória de uma bola que é arremessada pelo tempo, rolando pelo campo dos sonhos, em direção ao gol. Depois de ar por vários pés e ser tocada com habilidade e maestria por um atleta e seus dribles, eis que ela chega ao fundo da rede, objetivo final da partida, para orgulho e delírio da torcida ao ver mais uma vitória conquistada pelo seu time e seu atleta preferido.
- O jogador agora curva-se para o campo e segura nas mãos a bola que lhe dá o título. Contempla a pelota e seus gomos, antes multicoloridos e hoje já desgastados pelo tempo; mesmo assim a abraça num gesto de carinho e gratidão. Sente o seu calor e, ao longe, é como se ouvisse as vozes do ado que o alcançam, golpeando-o na emoção.
- Era como se tivesse ouvindo uma voz dizendo: –a a bola Zé. Parecia ouvir os colegas do times de futebol que participou repetindo: –a essa bola Zé.
- O atleta, agora, volta a ser um menino. Um menino que na infância corria seminu e descalço pelas ruas da cidade. Sim o menino que sonhara um dia ser jogador de futebol aos pouco ia se encontrando com seu destino.
- Aos 12 anos de idade, ele corre ao redor do gramado vendo seu pai, Joaquim Cândido, às voltas com a presidência da associação que fundara, o Brasilândia Atlético Clube-BAC, que arregimentava a elite dos atletas e formava o time de estrelas do futebol de campo da Costa Leste do Estado.
- Time que teve a ousadia de ostentar a garra e supremacia de ter conquistado o feito inédito de 33 vitórias consecutivas permanecendo invicto durante um largo período no anos 1990.
- Mas o sonho de José Cândido estava apenas começando a ser escrito na história das fileira do esporte brasilandense.
- O atleta e experiente, hoje, corre a os lentos pela linha lateral do campo. Afinal, 73 anos se aram desde que seus pais, Joaquim Cândido e dona Joana Maria, o tomaram nos braços cheios de alegria no dia 20 de maio de 1950 na vizinha Guaraçaí/SP, onde nasceu.
- Depois de terem morado em Planalto, Murutinga do Sul, Santa Fé do Sul e Guaraçaí, no estado de São Paulo, sua família fincou raízes em Brasilândia, instalando-se, no ano de 1956, nas margens do Córrego Bom Jardim cujas águas fartas nesta época irrigavam as roças e enchiam de esperança àquela zona rural.
- Foi nesta Cidade Esperança que o menino recebeu o apelido de Zé Paçoca, em razão de ter trabalhado como vendedor de doces de amendoim moído na juventude.
- Foi aqui que ele aprendeu as primeiras letras no Grupo Escolar Arthur Höffig, estudando da 1ª a 4ª série. Depois, prestou exame de issão para ingressar na 5ª série estudando até a 8ª série no Ginásio Estadual Dom Lúcio Antunes, na cidade vizinha Panorama/SP, fazendo a travessia arriscada pela balsa do Rio Paraná que neste tempo ainda corria rápido, livre e forte.
- Os ano se aram e ele sempre conciliando os estudos com o esporte. Até o momento de se ver transformado num homem, para a alegria e orgulho da única irmã caçula, Áurea que sempre o incentivou.
- Licenciado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Ministro Tarso Dutra, de Dracena/SP, formou-se professor de Português e Inglês vindo a lecionar na cidade que o viu crescer.
- Aqui casou e constituiu família. Inicialmente ao lado da professora Célia Maria, falecida em 2017, com quem teve os filhos: Adriano, Adriana, Gislaine, e Franciane. E depois, ao lado de Aparecida de Fátima, com quem teve a filha Letícia. Hoje José Cândido é avô e encanta-se com os netos: Everton, Luiz Carlos, Camila, Gustavo, Carolina, Leandro, Andressa e Júlia.
- O início de sua carreira de professor deu-se no antigo Mobral no ano de 1968 quando ou a ministrar aulas no km 3 da barranca do Rio Paraná na Escola chamada Três Botecos.
- Anos mais tarde, escreveu a primeira biografia do município de Brasilândia, narrativa que pode ser considerada a história oficial do município.
- Em 1986 teve a participação decisiva na fundação da Associação Brasilandense de Professores-ABRAP que deu origem ao atual SIMTED.
- Sua vocação para a política nasceu vendo o desprendimento de seu pai, Joaquim Cândido, quando ele andava a cavalo, atravessando campos e roças, em busca de votos durante as campanhas eleitorais.
- Foi assim que o menino José Cândido, muito cedo, aprendeu como lidar com partidos, siglas e coligações políticas. Expertise adquirida que lhe garantiu ter sido eleito e permanecido como vereador e presidente da Câmara Municipal por 5 mandatos e uma prorrogação, totalizando 22 anos como legislador.
- Presidente do partido PDT por vários anos, foi prefeito de 1989 a 1992, sob o lema Dedicação e Fraternidade. Foi também candidato a deputado federal em 2002 conquistando o 1º lugar no município e 37º do Estado.
- Como chefe do Executivo municipal, José Cândido foi responsável por muitos feitos em sua istração que ainda hoje são lembrados pela população: Um dos mais marcantes é ter reconstruído o Cruzeiro, monumento originalmente instalado pelo fundador de Brasilândia Arthur Höffig, e que representa o marco histórico da fundação do município.
- Fruto de sua larga experiência política, seu jeito natural e ao mesmo tempo peculiar de agir ganhou o imaginário popular tornando-se uma figura folclórica agregando o apelido de Zé Rojão, pelo fato de chamar a população, quando da chegada de autoridades, inaugurações e eventos da municipalidade, por meio de fogos de artifícios, cujo som dos foguetes informava todos os munícipes.
- Entre suas realizações estão também a criação da Secretaria Municipal de Agricultura; o Centro Profissionalizante do Menor, e a Corporação da Guarda Mirim.
- Deu impulso também à Fanfarra Simples de Brasilândia, refundando a FAMBRA, criada 1983, despertando para a música e o sentimento de patriotismo às crianças e jovens daquela época. Isso sem falar do Carnaval que era uma festa que ele sempre incentivou trazendo bandas para animar os foliões.
- Foi na sua istração também que a Prefeitura Municipal de Brasilândia ganhou sede definitiva, quando as dependências da antiga Escola Estadual Pedro Pedrossian, foram reformadas e ampliadas sendo transformada no Paço Municipal.
- Os olhos deste , entretanto, nunca descuidou de seguir o rumo de seu coração que o levava aos campos, aos jogadores e à bola.
- Retroage o relógio do tempo e lá encontramos o atleta José Cândido participando dos campeonatos amadores, quando a seleção de Brasilândia era representada pela equipe do Brasilândia Atlético Clube – o BAC, o time de maior brilho da região.
- E recorda a partida contra o time do Jupiá Esporte Clube, quando o BAC estreou dois jogadores que se tornariam referência no futebol em Brasilândia: o lateral André e o ponta-esquerda Fogoió.
- Este foi um dos maiores méritos de José Cândido: o de apostar no talento de um atleta que, entre tantos servidores que se dedicaram à área do esporte, trouxe as maiores alegria para Brasilândia: Everaldo Vieira da Silva, o popular Fogoió. Foi quando o BAC ressurgiu pelas mãos do ex-vereador Samuel Ramos Lopes, popular Biro-Biro.
- Tempo de glória do esporte, o futebol de campo era presença obrigatória nas Festas do Peão, quando as partidas que eram realizadas no imortal estádio Joaquim Cândido da Silva, lembra com saudade o antigo atleta ao ver o antigo estádio hoje envolto em sombras do desprestigio.
- Ah. Que orgulho sentiu quando deu entrada na documentação para o BAC ingressar na Liga e poder disputar o campeonato amador em Três Lagoas em 1989.
- Tantas partida e lembranças que marcaram a memória do BAC quando este time chegou a jogar até três partidas numa tarde pelo campeonato de veteranos da Liga de Três Lagoas.
- E ele estava lá, até mesmo na época quando as cores antigas, preto e branco, das camisas do BAC ganharam as cores o azul e o branco.
- Além do BAC, onde José Cândido atuou como ponta-esquerda, honrando o time com a camisa 11, ele também participou do CRB – Clube Recreativo Brasilandense, em 1990 e do BEC – Brasilândia Esporte Clube. Sobre a quantidade de gols que praticou, por modéstia, ele não arrisca a dizer.
- Sempre atento às necessidades do esporte, inaugurou em 1989 a chamada Casa do Atleta, como era o Departamento Municipal de Desporto. E foi o grande incentivado do segmento feminino do BAC, com a criação do BRASAC que brilhou por décadas projetando o esporte das meninas de ouro em várias modalidades.
- Entre os eventos que o atleta-prefeito deixou sua marca está o célebre jogo entre as mulheres Solteiras x Casadas, ocasião em que as atletas foram saudadas no início da partida por uma bateria de fogos, bem ao estilo da época.
- Como já dissemos, o futebol é paixão. E as manchetes dos jornais estão aí para provar: quando o BAC ganhou de 1×0 do Frigotel, o jornal de Três Lagoas estampou: Frigotel não ite perder para o BAC! Isso aconteceu no dia 23 de maio de 1990.
- Fato curioso neste dia de festa quando se enfrentaram: Empaer, Bandeirantes, Xavantes, Bamerindus, Sucateiros, Cafezinho, Baixada Santista, Indiana Supermercados, República dos Anjos e Ginásio, o artilheiro deste torneio foi Biro-Biro e o prêmio de goleiro menos vazado foi para o nosso atleta José Cândido.
- O redemoinho do tempo envolve a todos e o nosso homenageado respira fundo ao relembrar sua história de vida que deixou para trás. São tantas realizações e alegrias sentidas que é impossível recordar uma a uma.
- A maior de todas as alegrias, sem dúvida, no campo do esporte, foram os grande momento vividos em que pisou o tapete verde, verdadeiro campo dos sonhos onde cultivou amigos e ali pode ser irado pela torcida que o aplaudia.
- Sobre sua maior tristeza e momento de dor familiar, foi quando viveu o falecimento de sua mãe, dona Joana Maria, aos 88 anos, e o falecimento do pai, Joaquim Cândido, que faleceu com apenas 52 anos de idade.
- No mundo do esporte, por fim, o desencanto do santista José Cândido vai para o estado de abandono em que se encontra o imortal Estádio Municipal Joaquim Cândido da Silva, nos dias atuais, carente de reformas e manutenção.
- Pequeno desgosto que o atleta-prefeito de outrora, busca esquecer, ao som da música sertaneja que embala os seus dias atuais de aposentado.
- Acordes sonoros que o animam a sorrir e estender as mãos em agradecimento à Deus pela homenagem que lhe é prestada neste dia.
- Obrigado Associação Recreativa Master-ARMs.
- Parabéns José Cândido da Silva.
Brasilândia/MS, abril de 2024. 83s5e
Por Carlos Alberto dos Santos Dutra
