*Fernando Valente Pimentel – Foto: Agência de Notícias da Indústria/Google 5s2g58
Em 25 de maio celebramos o Dia da Indústria, que homenageia Roberto Simonsen, patrono nacional da atividade, falecido nessa data em 1948.
É uma oportunidade para refletirmos sobre o papel essencial desse setor secundário da economia, que transforma matérias-primas em bens e produtos que movem o País e tem participação relevante no desenvolvimento econômico e social.
Sua abrangência é ampla: vai desde os alimentos que chegam à nossa mesa até os tecidos e roupas que vestimos, ando por móveis, veículos, eletrodomésticos, maquinários e muito mais.
É a área que impulsiona as cadeias produtivas, gera empregos qualificados, estimula a inovação tecnológica e contribui de modo significativo para a arrecadação de impostos.
O processo de industrialização brasileiro ganhou força com Getúlio Vargas e teve um salto importante com Juscelino Kubitschek, que promoveu a instalação de empresas estrangeiras no País.
O resultado foi um ciclo de forte crescimento entre os anos de 1950 e 1980, que colocou o Brasil entre as economias que mais avançaram no Século XX.
No entanto, nas últimas três décadas, assistimos a uma preocupante desindustrialização, com queda na participação da indústria no PIB nacional e no comércio mundial do setor, decorrente de uma série de entraves: elevada carga tributária, juros altos, infraestrutura precária, insegurança jurídica, volatilidade cambial e custo elevado do capital.
Soma-se a isso o impacto da globalização e da entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC), com sua política agressiva de subsídios e uma participação de 33% na manufatura global, inundando o mercado de todos os continentes com excedentes produtivos que pressionam a competitividade das fábricas dos demais países.
Nesse cenário desafiador, o Brasil precisa reagir. Nenhuma economia do porte da nossa pode prescindir de uma indústria forte. É preciso retomar o protagonismo setorial com políticas que estimulem o investimento, a inovação e a produtividade.
O projeto Nova Indústria Brasil (NIB), lançado recentemente pelo Governo Federal, representa um o na direção certa.
Ele reconhece que o fortalecimento da manufatura é essencial para a soberania econômica, a geração de empregos e o crescimento sustentável.
Dentre os setores industriais estratégicos, merece destaque a indústria têxtil e de confecção, um dos maiores empregadores do País, com forte capilaridade regional e papel determinante na inclusão social.
Esse segmento, majoritariamente composto por micro, pequenas e médias empresas, tem capacidade de gerar empregos com rapidez, promover moda sustentável, agregar valor cultural e integrar a agenda de inovação por meio de novos materiais e tecnologias digitais.
Com o a energias limpam, diversidade de fibras e criatividade reconhecida internacionalmente, o Brasil tem condições de liderar um novo ciclo de crescimento nessa atividade.
A reindustrialização nacional, no entanto, exigirá foco, consistência e cooperação entre governo, iniciativa privada e sociedade civil.
Precisamos enfrentar com coragem os gargalos estruturais e implementar reformas que permitam ao setor recuperar seu dinamismo.
País forte e desenvolvido tem, necessariamente, uma indústria forte. E a construção desse futuro começa agora, com decisões firmes e visão estratégica.
Neste Dia da Indústria, celebremos o legado de Simonsen e reafirmemos nosso compromisso com um Brasil mais industrializado, competitivo e justo.
*Fernando Valente Pimentel é o diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).